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Resposta vinda das urnas

"O eleito do próximo dia 30 será o presidente de todo o país, não apenas de seus eleitores."

Por Portal Notícias Colômbia SP em 04/10/2022 às 21:25:15

Findado o 1º turno de nossas eleições, muito pode-se analisar, acerca da resposta vinda das urnas. Suscintamente, até mesmo porquê senão não seria um artigo, mas uma tese, quero apresentar algumas ponderações que fiz.

Primeiro em relação à Lula, as pesquisas, em sua maioria, apontavam o candidato do PT à frente, o que fora constatado, mesmo que se questione à baixa participação em seus comícios. Lula, assim, confirma sua força política, principalmente no Nordeste. Ele venceu em 14 dos estados da República. O que mais me surpreendeu foi no estado de Minas Gerais.

Segundo, em relação à Bolsonaro, em que, as mesmas pesquisas apontavam uma margem de votos bem inferior à alcançada. Aqui as pesquisas erraram em sua maioria. Bolsonaro se mantém forte, mesmo que nos debates tenha sido constantemente atacado por quase todos os demais candidatos participantes. Apenas o padre o absolveu.

O terceiro ponto, é que nesta segunda (03/10), em diversos programas jornalísticos com seus respectivos comentaristas e cientistas políticos, houve quem apontasse que, as pesquisas enfaticamente apontando Lula em primeiro e com a possibilidade, inclusive, de vencer já no primeiro turno, pode ter estimulado eleitores indecisos ao voto no petista para não ter a necessidade de 2º turno. Entre fila em seção eleitoral e ficar em casa no sofá em pleno domingo, brasileiro não pensa duas vezes em escolher a segunda opção. Confirma isso o alto nível de abstenção neste primeiro turno com 32.770.841 eleitores deixando de exercer seu direito ao voto, 20,95% dos aptos a votar.

Particularmente, penso ser possível que pesquisas, possam sim vir a aguçar o intuito de se votar no candidato "A", "B" ou "C", principalmente estas que, com a margem de vantagem que exaustivamente se apresentava entre Lula e Bolsonaro. E penso ser possível mesmo eu não me valendo de pesquisas para definir meu voto. Sempre voto nominalmente (escolho diretamente o candidato). Para mim, pesquisas servem para acalorar o debate eleitoral, às vezes auxiliar na pauta jornalística pela falta de novidade eleitoral, mas, nem sempre se pode considerar à risca os números apresentados. Mas não posso negar que elas podem induzir eleitores que não pesquisam sobre as propostas dos candidatos por comodismo ou eleitores menos esclarecidos.

Agora, o quarto ponto pode ser fundamental para a famosa "governabilidade" do eleito no próximo dia 30 de outubro. Bolsonaro pelo PL, mesmo nesse 1º turno com apenas o apoio de PP e Republicanos, conseguiu que sua base elegesse 185 deputados, já Lula do PT, tendo como apoio em sua base 9 partidos, à saber: PSOL, Rede, PSB, PC do B, PV, Agir e Avante, Pros e Solidariedade, conseguiu eleição de 128 deputados. O PL agora passa a ser o partido com maior número de deputados com bancada de 98 eleitos. Considerando também que 17 ex-ministros de Bolsonaro concorreram a diversos cargos, 9 já foram eleitos e 3 disputam 2º turno em governos estaduais, 1 deles com Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo, maior colégio eleitoral do país com 22,4% dos votos segundo o TSE, pode-se deduzir que ele teve um retorno das urnas muito mais satisfatório em eleitos ao Poder Legislativo que o petista. Sendo assim, se eleito, Bolsonaro pode ter uma "governabilidade" maior que do atual mandato. Acaso se Lula for eleito, por dedução também, ele pode ter dificuldade em sua "governabilidade", há não ser que "abra as carteiras" nos acordos partidários. Sim! No plural "as carteiras", porque, nos ensina a prática, que as carteiras abertas serão as nossas.

Vale ressaltar também, que para o 2º turno, ambos já iniciaram uma corrida por apoio dos demais partidos. O que pode interferir posteriormente na formação política do legislativo. Aqui, devemos olhar com atenção novamente à Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país com 10,6% dos eleitores e que reelegeu Romeu Zema (Novo) já no primeiro turno com 56,18% dos votos válidos. No primeiro turno, como supracitado, Lula venceu em MG com 48,29%, tendo 4,69% de votos a mais que Bolsonaro. Mas cabe fundamentalmente analisar que, no 1º turno, Zema tinha candidato próprio de seu partido, Felipe D"Ávila com 0,47% dos votos, sendo o 6º mais votado. Tendo declarado após a confirmação de sua reeleição, que apoiar ao PT está fora de cogitação, cresce a possibilidade de Bolsonaro vencer em MG no 2º turno. Zema esteve nesta terça (04/10) em Brasília e oficializou seu apoio com duras críticas à administração petista em Minas Gerais, durante o governo de Fernando Pimentel.

Ainda temos Simone Tebet (MDB), a declarar seu apoio, Lula intensifica sua busca pelo MDB, uma vez que, a própria Tebet não teve apoio de todos dentro do partido, que desde o início teve internamente, uma ala querendo apoiar a candidatura do petista. Ciro Gomes, nesta terça (04/10), publicou um vídeo em que afirma que seu partido, o PDT, decidiu por unanimidade apoiar também a Lula. Ele acolhe a decisão partidária, mas afirmou que não participará ativamente, não deseja cargos acaso Lula seja eleito e afirmou ainda que, independente do eleito ele fiscalizará arduamente o próximo governo.

Nesta terça também, Rodrigo Garcia, após a liberação de seu partido, o PSDB, oficializou apoio a Bolsonaro e Tarcísio em São Paulo. Irônico como após graves acusações no 1º turno, todos padecem de uma falta de memória coletiva pelo "bem da democracia". O que é certo é que partidos de esquerda, como o Partido Comunista Brasileiro – PCB, Unidade Popular – UP e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados – PSTU, que se aventuraram a lançar candidatura própria, devem apoiar a Lula, mesmo este ainda não fazendo menção de procurá-los até o momento. Não devemos menosprezar os 0,11% de votos que eles podem agregar. Cada voto vale na conta final. Os 20,95% de eleitores que não votaram no 1º turno então, serão tratados como nobres, fundamentais para que a democracia impere no país. Independente do lado, demagogia não será nunca demais na busca incansável por estes votos. Soraia do União Brasil, Felipe D"Áliva do Novo e Constituinte Eymael do Democracia Cristã, por hora não foram sequer citados no noticiário. Mas também seus partidos podem se manifestar brevemente. O PTB, do Pe. Kelmon, que não é o maluco do balão, mas parece, deve se manter, por intercessão do poderoso chefão Roberto Jefferson, fiel à Bolsonaro.

Enfim, como diz um velho ditado popular: "muita água ainda passará por debaixo da ponte". Até dia 30 de outubro muito se dirá, com grande probabilidade de pouco se provar. Espero que no 2º turno, apenas com os dois candidatos principais da polarização que vem dividindo o país, os debates sejam mais técnicos, produtivos. Que o uso excessivo de adjetivos tais como: "genocida", "ladrão", "mentiroso" sejam trocados por propostas reais de governo. Xingamentos apenas inflamam mais a sociedade. São populismos impudicos, pois além da nada agregar, apenas fazem fortalecer a política do "pão e circo para o povo", onde se oferece o que agrada, não o que resolve.

Principalmente, desde já, como cristão, oro para que haja paz em nossa sociedade, para que o processo seja democrático e o lado não eleito aceite sem mais delongas no debate de baixo nível o resultado das urnas. O pensamento de "nós contra eles" só causa maledicência a toda a nação. O eleito do próximo dia 30 será o presidente de todo o país, não apenas de seus eleitores. Penso assim, mesmo que se eleja um governo socialista, pelo qual, particularmente, tenho asco.

OdontoCompany (Destaque)