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Epa! Todo mundo não!

"Triste é a história de um povo que acha que trocar seu voto é se favorecer da situação."

Por Portal Notícias Colômbia SP em 24/09/2022 às 00:39:40

Foto: Patricia Monteiro

Não sei você que me lê, mas eu estou ansioso pra escutar o discurso da vitória dos eleitos na próxima eleição. Em cada estado e, até mesmo no âmbito nacional, se ouve: "O povo me elegeu!". Que bonito isso, não!?

A verdade, que nossa democracia, dita justa, afirma que o voto é um direito do eleitor, mas então, cabe o questionamento: Por que então somos obrigados a votar, se é um direito? Não tenho o direito de escolher votar ou não por quê? Bem, isso pode ser assunto mais aprofundado para um outro artigo.

Nosso povo, por não ter formação política na escola, delega seu voto a decisão de terceiros, que optam pela "oferta de gentilezas": uma cesta básica, alguns tijolos, um botijão de gás, etc. Triste é a história de um povo que acha que trocar seu voto é se favorecer da situação, com o pensamento: "Há! É tudo ladrão mesmo, vão roubar mesmo, então vou levar uma vantagem agora, porque depois, são 4 anos na seca." A conscientização política em nosso país, penso eu, é deficitária de forma orquestrada, uma vez que, sem conhecimento, o povo não analisa, sem análise não há questionamento, sem questionamento é fácil ludibriar.

Por isso é fácil os eleitos afirmarem que foi o "povo que os elegeu". Mas se analisarmos os números e tivermos um pouco senso crítico, podemos ficar estarrecidos com o que nos apresenta. Um exemplo: na eleição presidenciável de 2018, a população brasileira segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 1º de julho, ou seja, apenas 3 meses antes das eleições era de 208,5 milhões de habitantes. Destes, segundo o Tribunal Superior Eleitoral – TSE, apenas 147.305.155 estavam aptos a votar no dia da eleição. Portanto, 70,65% da população brasileira.

Ainda segundo o TSE, dos aptos no dia da votação, 31.371.704 eleitores não compareceram, totalizando 21,30% de abstenção, ou seja, dos votantes no Brasil, apenas 78,70% votaram, ou com o número exato de 115.933.451. Ao descartarmos 2,14% de votos brancos e 7,43% de votos nulos, tivemos como votos válidos 104.838.753, logo 90,43% dos que foram votar escolheram no 2º turno, um dos dois candidatos. E aqui vale ressaltar que, apenas votos válidos são contabilizados para definir eleitos de fato.

Podemos concluir que 71,17% dos que tinham direto ao voto, votaram válido e nominalmente no 2º turno. Isso implica em apenas 50,28% da população brasileira em 2018 votaram e destes, 57.797.847 elegeram Jair Bolsonaro presidente naquela ocasião, ou seja, 55,13% dos votos válidos, mas apenas 27,72% de toda população brasileira. Pouco mais de ¼ do país.

Poderia ele ter afirmado então, ter sido eleito pelo povo? Afirmar que 55% da população o escolheu? Se concluísse que, pelos votos válidos ele foi eleito seria mais coerente. Mas como afirmei no início deste artigo, isso não é privilégio apenas do atual presidente. Você pode questionar, o porquê a oposição não utiliza estes números para propagar que ele não foi eleito pela maioria da população. Mas por que não fazem isso? Pelo simples fato que o argumento será o mesmo utilizado se a oposição for eleita: "O povo me elegeu!". Esse argumento é usado em todas as esferas políticas, também governadores, prefeitos, até mesmo os eleitos para o poder legislativo.

Em 2022, segundo STE houve um aumento de 6, 21% no número de eleitores no Brasil. Cerca de 156.454.011 poderão comparecer às urnas em outubro. Tomara que todos, verdadeiramente compareçam e votem validamente, para que, o próximo Presidente, seja de fato, escolhido pelo povo. Ou ao menos, pela maioria de nossa população.

Tulio Guitarrari é Jornalista, Téc. Contábil e formado em Filosofia.

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